Abaixo a Competição
27/02/2015 | Postado em Gestão Empresarial.
Abaixo a Competição

Conviver com a concorrência é algo necessário a todos, uma vez que ela está presente em grande parte das situações, seja na vida pessoal ou profissional.

Fala-se muito em competitividade, mas as empresas vêm aprendendo que o trabalho em grupo, quando adequadamente conduzido, produz um diferencial competitivo. Dentro das organizações, trabalha-se o conceito de que as empresas não são uma junção de departamentos, e sim um organismo vivo, uma unidade que precisa funcionar em harmonia para poder competir em boas condições no mercado.

Parece contraditório, mas não é: a competição existe e pode ser útil no sistema em que vivemos, mas a cooperação é que irá fazer a diferença.

Para Simon Sinek, autor de Leaders Eat Last (em tradução literal, “Líderes comem por último”), e um dos mais populares palestrantes da área de negócios no TED, há evidências biológicas e antropológicas que comprovam sua tese de que chefes não devem jamais estimular a competitividade entre seus subordinados. Segundo ele já existem muitas ameaças às empresas no mercado, e não faz sentido reproduzir este clima de tensão e medo no ambiente interno. Abaixo trechos da sua entrevista à Revista Exame, de 21/01/2015.

“Em seu livro mais recente, o senhor usa a metáfora de que os líderes devem comer por último. O que isso significa?

Em uma conversa com um almirante, perguntei a ele por que a Marinha americana é tão boa naquilo que faz. Ele me contou que, na hora das refeições, os marinheiros juniores comem primeiro, e os seniores comem por último. Não é uma regra escrita, mas reflete a forma como eles definem liderança. Não se trata de um cargo, mas de ser responsável pelas pessoas sob seu comando. Na carreira militar, condecoram-se os líderes que se sacrificam pelos outros. No mundo corporativo, o mais usual é premiar com bônus os executivos dispostos a sacrificar os outros para que eles e as empresas, supostamente, saiam ganhando. É um contrassenso.

Qual é a importância de ter líderes que se sacrificam pela equipe?

É a melhor maneira de ter um ambiente menos agressivo, em que haja mais colaboração entre os funcionários. Caso contrário, no longo prazo, o excesso de competitividade interna se torna prejudicial. Quando as pessoas sentem que o líder faria qualquer coisa para se beneficiar, que ele mentiria para parecer melhor do que é, a resposta natural é paranoia e egoísmo. Quando os funcionários acreditam que o líder sacrificaria seu bônus para evitar demissões, eles se sentem seguros. A resposta natural é confiança e cooperação. O homem é um animal social e responde ao ambiente onde está. É por isso que o chefe deve criar um círculo de segurança em torno de sua equipe.

E como o chefe cria esse círculo?
Dando oportunidades para que os funcionários tentem e fracassem sem sofrer retaliações. Se as pessoas temem perder o emprego porque apostaram numa ideia que não deu certo, elas vão, em vez de tentar inovar, gastar tempo e energia se protegendo. É instintivo: não nos permitimos oferecer nossas melhores ideias se estamos preocupados em nos blindar contra chefes ou pares que possam nos prejudicar.

O senhor é sempre radicalmente contra demissões?
Não, mas é importante ponderar: a empresa está falindo ou apenas passando por um período ruim? Se é uma fase, por que penalizar os funcionários? E se a culpa for da estratégia definida pela liderança? Não os demita e peça ajuda. Líderes inspiradores fazem com que seus subordinados respondam a seus apelos com sangue, suor e lágrimas.

Há bons exemplos de líderes inspiradores?
Eles são poucos. Comparei a curva de retorno sobre investimentos de 1986 a 2010 da varejista americana Costco com a da General Electric, um dos maiores conglomerados do mundo. Na GE, onde os funcionários sempre foram incentivados a competir entre si, algo estimulado, sobretudo, pelo ex-presidente Jack Welch, as ações se comportaram como uma montanha-russa. Já na Costco, as ações valorizaram de maneira contínua, sem sobressaltos. Em 2010, seus acionistas tiveram o dobro do lucro da GE e da média das demais empresas listadas no índice S&P 500, da bolsa de Nova York. James Sinegal, que fundou e deixou a presidência da Costco em 2012, sempre foi um executivo amoroso, que tratava seus empregados como se fossem da família e pagava bons salários. Diferentemente de Welch, Sinegal e seu sucessor, Craig Jelinek, sempre pregaram a cooperação em lugar da competição”

O gestor tem um papel decisivo quando se trata de competições dentro da organização. A forma como o líder administra essa questão, pode despertar uma rivalidade ou um clima saudável entre os “concorrentes”.

O mais indicado é que, ao final, todos fiquem satisfeitos e que a equipe seja reconhecida, independente do resultado alcançado.

Criar situações de conflito ou passar por cima de determinados valores para se destacar dentro de uma competição, seja ela qual for, não é a melhor maneira de conquistar algo. Para que tudo ocorra de maneira adequada, é necessário que cada um dispute por meio de seus próprios méritos, e, principalmente, que aceite quando o resultado não for positivo.

Espero que este artigo o ajude a refletir sobre este tema tão importante para nossas organizações.


Sucesso!!!
Marcos Hardt 

Entrevista de Simon Sinek, autor de Leaders Eat Last  para a Revista Exame, de 21/01/2015.

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